quinta-feira, 14 de outubro de 2010

A didática em suas dimensões

As instituições de ensino, ao longo dos anos, vêm transformando a educação em mercadoria, fruto do capitalismo, o qual acaba por deturpar o conceito e a importância da didática no ensino. Como assevera Martins: “A didática expressa uma prática pedagógica que decorre da relação básica do sistema capitalista num momento histórico determinado. 

Portanto, as formas como as classes sociais se relacionam vão se materializar em técnicas, processos, tecnologias, inclusive processos pedagógicos que se realizam através de uma certa relação pedagógica.” ( Martins 1988, p.23) Reconhecendo a didática como ciência que é, sendo pesquisa e também uso de técnicas de ensino, deve-se conceber a idéia de sua importância na contribuição para a formação do cidadão desde a educação básica, até o ensino superior. É nesses passos que o professor deve buscar na didática as verdadeiras técnicas de ensino, as quais só serão alcançadas através do trabalho pedagógico bem estruturado. 

O trabalho do professor em sala de aula muitas vezes se resume em repassar os conteúdos aos alunos, sem estimular nestes a interpretação, a crítica e a criatividade, pois, “... ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção”. (Freire 1996, p. 47). Para realizar um trabalho didático-pedagógico, o professor deve ser crítico, perspicaz para estimular seus alunos, (sem que estes percebam que estão sendo provocados criticamente), ético, uma vez que o professor é formador de opinião, ter vocabulário ilibado, ser reflexivo da prática constante de seu trabalho, reconhecer a cultura de seus alunos, enfim, ele deve antes de tudo conhecer seu campo de atuação. Seja qual for a técnica de ensino explorada por este, ela deve ser permeada pelo pensamento reflexivo, o raciocínio e a interpretação. O professor que age didaticamente, orienta e acompanha seus alunos. Assim, para ensinar, é necessário que o professor pesquise o assunto a ser retratado, se atualizando diante dos conteúdos propostos em sala de aula. 

A didática colocada em prática serve de base para um conjunto de mudanças significativas que requerem profissionais não só inventivos, mas que tenham olhos abertos para a realidade da qual fazem parte. “Penso que a didática, para assumir um papel significativo na formação do educador, deverá mudar os seus rumos. Não poderá reduzir-se e dedicar-se tão-somente ao ensino de meios e mecanismos pelos quais se possa desenvolver um processo ensino-aprendizagem, mas deverá ser um elo fundamental entre as opções filosófico-políticas da educação, os conteúdos profissionalizantes e o exercício diuturno da educação. Não poderá continuar sendo um apêndice de orientações mecânicas e tecnológicas. Deverá ser, sim, um modo crítico de desenvolver uma prática educativa, forjadora de um projeto histórico, que não se fará tão-somente pelo educador, mas pelo educador, conjuntamente, com o educando e outros membros dos diversos setores da sociedade”. (Luckesi 1994, p. 30) A didática deve servir ao professor como instrumento de inspiração e criatividade, fazendo-o compreender o processo de ensino em suas múltiplas determinações, para articulá-lo à lógica, aos interesses e necessidades da maioria da clientela presente nas escolas hoje, propondo, também, reflexões sobre a prática e formas de organização voltados aos interesses na atual organização da escola, suas políticas implícitas na seleção de conteúdos, objetivos, métodos, técnicas, recursos e avaliação para o ensino, conforme reza a questão política do trabalho pedagógico, condizente a cada escola. Outrossim, a didática como “arte de ensinar”, consiste em motivar os alunos sobre o conteúdo exposto. Ela deve ser a “atitude” do mestre para com seus aprendizes. Atitude esta compreendida na criticidade e com a finalidade precípua de ensinar. “A didática, no bojo da pedagogia crítica, auxilia no processo de politização do futuro professor contribuindo para ampliar a sua visão quanto às perspectivas didático-pedagógicas mais coerentes com nossa realidade educacional. Sob esse enfoque, o ensino é concebido como um processo sistemático e intencional de difusão e elaboração de conhecimentos culturais e científicos de forma que os alunos deles se apropriem”. ( Ilma Passos 1991, p. 78). 

Portanto, a didática deve ser a mola propulsora do entusiasmo de ensinar, pois só assim o educador fará a diferença, despertando no educando a vontade de aprender. A grosso modo, podemos dizer que a Didática é uma ciência cujo objetivo fundamental é ocupar-se das estratégias de ensino, das questões práticas relativas à metodologia e das estratégias de aprendizagem. Sua busca de cientificidade se apóia em posturas filosóficas como o funcionalismo, o positivismo, assim como no formalismo e o idealismo, funcionando como elemento transformador da teoria da prática. Na atualidade a sua perspectiva fundamental é assumir a multifuncionalidade do processo de ensino-aprendizagem e articular suas três dimensões: técnica, humana e política no centro configurador de sua temática. 


O autor deste artigo se chama Francisco Rodrigues Júnior, um estudioso deste assunto.


 

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